quarta-feira, 27 de setembro de 2017

TIC'S, EMRC e Aprendizagem



O aparecimento e desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)[1] a partir do século XX provocou um tal impacto na sociedade a ponto de transformar as relações entre os cidadãos «não só no modo de os indivíduos se comunicarem entre si, mas na forma de as pessoas compreenderem a sua própria vida»[2]. Poder-se-ia, então, afirmar que os mass media são «o primeiro areópago dos tempos modernos»[3], são meio, por excelência, onde a comunicação acontece numa «linguagem total»[4].
Ora, esta influência das novas formas de comunicação desde logo se impôs às grandes instituições sociais e legitimou um debate aberto sobre o seu uso. Neste contexto, todos os agentes do meio educativo consideraram que a sua aplicação à actividade lectiva seria uma mais valia para docentes e alunos. Do simples e já tão frequente uso do telemóvel, computador e data show é possível retirar potencialidades didácticas e educativas que ultrapassam o uso simplista, e às vezes até deformativo, do quotidiano.

«Assim, a formação sobre a Internet e as novas tecnologias exige muito mais do que o ensino das técnicas; os jovens têm necessidade de aprender como agir correctamente no mundo do espaço cibernético, discernir os juízos de acordo com critérios morais sólidos a respeito daquilo que nele encontram e lançar mão das novas tecnologias para o seu desenvolvimento integral e o benefício dos outros»[5].

Deste modo, sendo a EMRC uma disciplina ao serviço da comunidade eclesial, que tem vindo a crescer pela exploração e pela experiência de novos paradigmas pedagógicos, facto que se pode comprovar pela recente e profunda alteração do seu programa curricular e pelas novas exigências jurídicas impostas aos futuros docentes, faz todo o sentido que os seus pedagogos e estudantes possam também auferir, em igualdade de circunstâncias com as restantes disciplinas, das benesses que as novas tecnologias oferecem ao seu plano formativo.
Nesta perspectiva, considerando que o Verbo encarnado é, por antonomásia, o veículo, o fundamento e o protótipo da comunicação entre Deus e os homens[6], «a Igreja encara estes meios de comunicação social como “dons de Deus” na medida em que, segundo a intenção providencial, criam laços de solidariedade entre os homens, pondo-se assim ao serviço da Sua vontade salvífica»[7].



[1] Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): termo popularizado na década de 90 e utilizado para nomear as tecnologias requeridas para o processamento, conversão, armazenamento, transmissão e recepção de informações, bem como o estabelecimento de comunicações por computador. A terminologia TIC resulta da fusão das tecnologias de informação, antes referenciadas como informática, e as tecnologias de comunicação, relativas às telecomunicações e aos media electrónicos. As TIC, referenciadas na actualidade, envolvem a integração de métodos, processos de produção, hardware e software, com o objectivo de proporcionar a recolha, o processamento, a disseminação, a visualização e a utilização de informação, no interesse dos seus utilizadores. Cf. XIV Colóquio da AFIRSE.
[2] PONTIFÍCIO CONSELHO PARA AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS, Igreja e Internet, n.º 2, Roma, 22 de Fevereiro de 2002.
[3] JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Redemptoris mission.º 37, Roma, 7 de Dezembro de 1990.
[4] PONTIFÍCIO CONSELHO PARA AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS, Igreja e Internet, n.º 7, Roma, 22 de Fevereiro de 2002.
[5] Ibid.
[6] Cf. PONTIFÍCIO CONSELHO PARA AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS, Instrução Pastoral Communio et Progressio sobre os meios de comunicação social, n.º 2, Roma, 23 de Maio de 1971.
[7] Ibid.